A Audio 2 Saúde é uma empresa de soluções auditivas, situada em Carnide, que, quando tomou conhecimento do Projeto RADAR, não teve de pensar muito para querer associar-se.
Rogério, um dos sócios do espaço, revela-nos isso mesmo: “a ideia de aderir ao Radar nasceu numa reunião na junta de freguesia dos Olivais. Daí à parceria foi um instante e estamos juntos desde fevereiro deste ano”.
A intenção da Audio 2 Saúde passa, não só pela sinalização de casos de pessoas mais sozinhas ou necessitadas de cuidados especiais, mas também pela oferta ou facilidade na aquisição de aparelhos auditivos. “Acompanhamos, de forma regular, as ações do Projeto RADAR por toda a cidade de Lisboa através da unidade móvel de rastreio auditivo. Já estivemos em 24 freguesias, onde, em cada ação, semanal ou bissemanal, atendemos uma média 25 de utentes”.
Filomena Marques e Catarina Mendes são as mediadoras do Radar que acompanham as freguesias de Carnide, São Domingos de Benfica, Lumiar e Santa Clara: “andamos em duplas e cada uma tem a seu cargo quatro freguesias”, explicam.
Catarina relata um pouco do que tem sido o decurso do projeto desde há quatro anos: “as pessoas, de um modo geral, tinham algum receio em abrir as portas de suas casas a estranhos. Quando começámos o Radar, em 2019, estava a acontecer uma ação da PSP no sentido de sensibilizar os mais idosos para não abrirem a porta a estranhos, pelo que foi muito difícil para nós conseguirmos chegar a alguma população precisamente porque estavam a respeitar os conselhos da autoridade policial. Agora, é mais fácil, tendo em conta que as pessoas já nos conhecem, já falam umas com as outras sobre o projeto e sobre nós, pelo que nos deixam aceder às suas casas mais facilmente”. E acrescenta: “há muitas diferenças entre estes territórios. Têm especificidades, públicos e necessidades distintas, pelo que a forma de abordagem deve ter em conta todas essas diferenças. Nas freguesias com uma classe média-alta, por exemplo, há mais dificuldade por parte das pessoas em falarem de si e das suas vidas. Algo que nos ajudou foi a sinalização que identifica o projeto Radar nos vários estabelecimentos comerciais das zonas, pois permitiu que nos reconhecessem mais facilmente quando fazemos o ‘porta-a porta’”.
O responsável pela Audio 2 Saúde não poupa elogios ao trabalho desenvolvido pelas mediadoras: “é um orgulho muito grande para nós fazermos parte deste projeto e a ideia é até expandir para outras zonas. Queremos continuar esta união porque sentimos que faz diferença na vida de muitas pessoas”. Rogério descreve algumas situações vividas no seu estabelecimento: “já identificámos algumas pessoas que necessitam da ajuda do Radar. Elas não nos procuram especificamente para relatar as suas situações privadas, mas, quando as recebemos no nosso espaço para uma consulta [relativa à audição], acabam por contar um bocadinho das suas histórias do quotidiano e nós conseguimos perceber se essas situações serão mais delicadas e se necessitarão da intervenção do radar. De imediato, sinalizamos às técnicas”.
O que Rogério quer implementar proximamente são algumas ações de maior proximidade com os mais idosos e que os envolvam mais: “oferecer ‘um mimo’, por exemplo, enquanto estão à espera nos rastreios. Isto porque são pessoas que estão muito sozinhas, carentes de atenção, pelo que podemos e queremos promover momentos de maior envolvimento com eles, mesmo que de forma breve”.