Radar comunitário desde maio de 2021, a associação Geração com Futuro trabalha diariamente para apoiar toda a população do bairro da Quinta do Lavrado.
Escondida numa das arcadas dos prédios amarelos, que fazem parte da Quinta do Lavrado, a Geração com Futuro tem sido, desde a sua inauguração em 2007, um farol de esperança para as pessoas do bairro. Criada por um grupo de jovens da Curraleira, esta associação de cariz social e cultural nasce com o intuito de disponibilizar apoio e uma orientação mais dedicada aos jovens do bairro da Quinta do Lavrado. Hoje em dia, conscientes da problemática do isolamento das pessoas idosas, esta associação intervém também, no seu dia a dia, diretamente junto da população mais velha do bairro.
“Desde o início, percebemos que as nossas dinâmicas tinham de passar por incluir toda a gente do bairro e não só os jovens. Aqui temos casas onde residem várias gerações, em que os filhos vivem com os pais e os avós, e para que tenhamos sucesso nas nossas ações, temos que ser uma associação de porta aberta a todas as idades”, comenta uma das fundadoras da Geração com Futuro. Para Carina Alves ainda existe uma certa “vergonha” em pedir ajuda, mas garante que “mesmo que os pedidos não cheguem à associação, ficamos sempre a saber por conversámos com os mais novos”.
A associação fica situada no vale onde antigamente estava o bairro da Curraleira e da Picheleira. Muitos dos moradores da Quinta do Lavrado são como uma família que atravessa gerações, unindo-os as relações de amizade. Aqui os prédios não são números e as portas não são letras, neste sítio as pessoas fazem as casas, e não ao contrário. É um local onde todos se conhecem.
“Os nossos pais e os nossos avós, já aqui viviam antes de existirem prédios, ainda isto eram casas construídas pelos moradores. Até o carteiro quando aqui vem, não vai entregar uma carta ao prédio X, vai à casa do sr. Zé ou da dona Maria”, diz Carina.
Desde o início da pandemia que a equipa de voluntários da Geração com Futuro compreendeu que as pessoas mais velhas começaram a deixar de ir ao café e ao mercado. Aos poucos, os pedidos de apoio foram crescendo. “Começámos a perceber que as pessoas mais velhas deixaram de sair à rua, com medo de apanhar Covid-19. De um momento para o outro, pessoas que passavam o dia fora de casa começaram a ficar confinadas a um pequeno apartamento e isso fez que fossem perdendo a autonomia e a vontade de sociabilizar”, frisa Roberta Galo, uma das voluntárias do projeto.
Foi em 2021 que as equipas do RADAR, numa visita à freguesia da Penha de França, tiveram um primeiro encontro com a Geração com Futuro. Através de alguns contactos presenciais com a população idosa da Quinta do Lavrado, a equipa do projeto ficou a conhecer a associação, a quem apresentou o RADAR, o primeiro projeto de intervenção comunitária que pretende identificar a população 65+ da cidade de Lisboa.
Através desta relação de parceria e após a integração da Geração com Futuro – Associação de Moradores, na rede de radares comunitários, a associação passou a redobrar os esforços na identificação das pessoas desta faixa da população e a direcionar os pedidos mais urgentes, para a equipa da Misericórdia de Lisboa. Até ao momento já foram encaminhados para o projeto, cinco moradores do bairro, que se encontravam em carência afetiva, social e financeira.
“Foi muito bom a integração do RADAR na Quinta do Lavrado. Já conhecíamos o projeto, porque o café aqui do bairro também é um radar comunitário. Até ao momento, eles estiveram sempre connosco, em todas as nossas atividades e ações”, concluiu Roberta.