Farmácia Lídia Ribeiro é local de confidências: “Também somos um pouco psicólogas”

17 de Julho, 2024
staff da Farmácia Lídia Ribeiro e voluntárias do Radar

Estabelecimento funciona como radar comunitário e já sinalizou alguns casos de pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Presentes em qualquer bairro, as farmácias são pontos de passagem obrigatórios para a população mais idosa e, por isso mesmo, funcionam como autênticos radares comunitários na sinalização de situações de vulnerabilidade social. É o caso da Farmácia Lídia Almeida, na Calçada da Ajuda, que desde 2019 integra a rede de parceiros do projeto RADAR.

“Já sinalizámos alguns casos que detetámos nos vários atendimentos e passámos a informação”, indica Ana Sousinha, técnica auxiliar de farmácia, que classifica o RADAR como um “projeto interessante” face à população idosa da freguesia “que precisa de ajuda”.

A proximidade existente entre quem trabalha na farmácia e quem a procura como cliente torna-se evidente com o passar do tempo e Ana refere mesmo que o seu papel ultrapassa, por vezes, o de vender medicamentos.

“Essa proximidade é importante, mas desgastante, e às vezes não conseguimos ter um final feliz. Mas tentamos. Também somos um pouco psicólogas. Há esse cuidado. Somos confidentes, muitas vezes os familiares não sabem o que estas pessoas sentem”, acrescenta a técnica auxiliar de farmácia.

Pela sua experiência, relata que alguns destes idosos “sentem-se muito desprezados, até pelos filhos” e dá um exemplo: “Ainda ontem tive uma utente que me disse: ‘tenho dois filhos, mas não tenho ninguém’”.

Maria Luís e Mariana Mendonça, mediadoras de proximidade, acompanham a Farmácia Lídia Almeida e corroboram a versão de Ana Sousinha.

“A farmácia tem sido um bom parceiro, sinalizando várias situações e colaborando connosco nas unidades móveis, com rastreios de saúde. A freguesia da Ajuda tem muita população envelhecida, mas tem uma coisa boa: os estabelecimentos de comércio local ainda têm um espírito comunitário muito presente, bairrista, onde os vizinhos, proprietários de cafés e mercearias são a quem as pessoas mais dependentes recorrem. São os nossos olhos no terreno”, finalizou Maria Luís.