Há um ano, a farmácia Camões iniciou sua participação ativa no projeto RADAR, num esforço conjunto para promover a segurança e o bem-estar dos residentes +65 de Lisboa. Embora já fizesse parte do projeto há algum tempo, foi apenas recentemente que começou a realizar rastreios e a mobilizar a população local de forma mais direta.
Localizada numa área central e muito diversificada, com turistas e uma população residente predominantemente idosa, a farmácia Camões tornou-se um ponto de apoio crucial para muitos que ali vivem.
Andreia Santos, diretora técnica do estabelecimento, explica: “nós conhecemos esta população, e sabemos que muitas destas pessoas não podem ou não querem sair de casa. Pedem-nos, muitas vezes, para irmos às suas residências. telefonam para a farmácia e pedem para lhes levarmos o medicamento x ou y.”
Mas o papel da farmácia vai além da simples dispensa de medicamentos. Muitos residentes não conseguem sair de casa devido a dificuldades de locomoção ou solidão. “Temos uma utente aqui no Bairro Alto que não sai de casa devido a dificuldades de locomoção, é muito difícil para ela sair. E nós, duas vezes por semana, vamos lá levar algum medicamento que seja necessário”, explica Andreia Santos. Na maior parte das vezes, a entrega é mais do que apenas uma transação comercial: “o que as pessoas querem e precisam é de conversar um bocadinho com alguém que as oiça”.
A freguesia da Misericórdia conta com cerca de 180 radares, sendo a farmácia Camões um dos que desempenham um papel vital na identificação de casos frágeis e na prestação de apoio além das suas funções tradicionais. “As farmácias, enquanto radares, são importantíssimas na identificação de casos frágeis”, afirma Andreia. “Temos conhecimento de algumas situações que, muitas vezes, não chegam à PSP ou às próprias ações desenvolvidas pela Santa Casa. É aqui que conseguimos identificar muitas delas, porque é aqui que as pessoas vêm desabafar – este sítio é um ponto de desabafo.”
A empatia e o cuidado oferecidos pela equipa da farmácia Camões são um exemplo, a par de todos os outros radares comunitários, da importância que as farmácias desempenham na comunidade. “As pessoas sentem-se mais à vontade com os farmacêuticos do que com os médicos, por exemplo, para falarem sobre alguns assuntos. Logo, quando aqui chegam, têm essas conversas connosco.”
Andreia Santos revela não tem dúvidas: “esta parceria é para continuar. A farmácia é um ponto de partida. Recebemos aqui muitas pessoas, incluindo população estrangeira que vive nesta zona, a partir das quais conseguimos chegar a outras que podem (e estão) a passar por situações frágeis. Conseguimos criar uma rede que nos permite intervir muitas vezes através da comunicação com o projeto RADAR. Procuramos dar conta da nossa comunidade dessa forma”.