Coletividade sediada no Bairro Alfredo Bensaúde trabalha com todas as faixas etárias, desenvolvendo atividades para fazer frente às diversas necessidades do território.
O Bairro Alfredo Bensaúde antecipou-se e celebrou o Dia Mundial do Vizinho (28 de maio) na passada sexta-feira, dia 24, com atividades para todas as idades promovidas por diversos parceiros do projeto RADAR. Entre eles esteve a Associação Mulheres sem Fronteiras, sediada no bairro, que funciona como radar comunitário.
“Estamos neste bairro desde 2016, mais ou menos a altura da formalização da associação. Nós, as nove fundadoras, somos todas aqui da zona e fazia sentido trabalhar num contexto de proximidade, porque conhecíamos o território e sabíamos das suas necessidades”, explica Alexandra Luís, vice-presidente e cofundadora da associação.
A ligação ao projeto RADAR deu-se depois da pandemia, que agravou os problemas já existentes.
“Muitas entidades deixaram de estar aqui e nós já tínhamos contacto com as pessoas mais velhas, mas não conseguíamos que elas estivessem juntas. Entretanto, conhecemos os colegas do RADAR, que vieram à reunião do grupo comunitário, e pareceu-nos logo interessante mapear a situação, e mais importante, vimos tudo o que o RADAR tem e que nós não conseguíamos fazer”, acrescenta Alexandra.
Paulo Alves, mediador de proximidade, acompanha Alexandra nas vantagens desta parceria, explicando que “é a partir das entidades locais e associações que é possível que o trabalho seja mais do que um registo porta a porta e haja um acompanhamento regular das pessoas”, dando exemplos de atividades.
“Quando existem associações que trabalham diariamente com as pessoas, isso permite fazer outras dinâmicas. Começámos com um Café RADAR e agora, mensalmente, temos a tertúlia “Velhos São os Trapos”, na qual está não só a comunidade cigana, como a comunidade hindu. As dinâmicas tornam-se engraçadas e duvido que exista na cidade um grupo de pessoas 65+ com tantas diferenças culturais e religiosas”, refere Paulo Alves.
Num bairro em grande parte habitado pela comunidade cigana, Alexandra Luís afirma que “desde o princípio o objetivo da Associação Mulheres sem Fronteiras foi trabalhar na promoção da igualdade e prevenção da violência”.
“Vínhamos centrados nas pessoas ciganas e nos imigrantes – daí o nome Sem Fronteiras – , alguns deles refugiados. Há várias questões a ser trabalhadas num contexto de pobreza, isolamento das pessoas, baixa escolaridade, o não acesso aos serviços de forma facilitada, o estigma do bairro de ‘ninguém aqui vem’”, recorda a vice-presidente de uma coletividade que desenvolveu já “uma aproximação aos homens”, apesar de ser dedicada às mulheres.
“Temos sempre a porta aberta a qualquer pessoa. Mas sempre focados em que as mulheres tenham acesso a tudo a que têm direito”, conclui.