Conhecem a realidade que os rodeia, as pessoas e as suas dificuldades e angústias. São o porto seguro da comunidade e um parceiro fundamental do projeto RADAR.
São mais do que farmacêuticos: são psicólogos, vizinhos, amigos! Mas, acima de tudo, são uma equipa sempre presente para quem necessita. Na farmácia Marbel, situada no início de uma das artérias mais emblemáticas da cidade, na Avenida de Roma, paredes-meias com o Hospital Júlio de Matos e com a Escola Básica Eugénio dos Santos, o dia faz-se entre conversas, sorrisos e cuidados de saúde.
É assim há mais de 50 anos. Desde o primeiro dia em que abriram portas, em 1974, altura em que o país vivia um dos seus marcos históricos, a Revolução dos Cravos. Tal como há meio século, as tradições mantêm-se nos dias de hoje. Diariamente, colaboradores especializados, nos mais diversos cuidados de saúde, apoiam a população da freguesia, seja com o aviar de receitas, ou até com um simples “bom dia”! Neste espaço, a proximidade impera, entre os utentes e os funcionários.
“A farmácia é um local que tem de estar sempre de porta aberta a toda a população e preparada para os mais diversos cenários. Nós temos, não só um contexto de cuidados de saúde, mas também social e emocional”, revela Sílvia Cid, diretora técnica da farmácia Marbel, para quem as farmácias devem ser um espaço social e de saúde, onde o “foco deve ser a proximidade com a comunidade”.
A preocupação com a comunidade é constante. Um dos principais focos de trabalho da farmácia residem na população mais velha do bairro. “Este, onde estamos inseridos, caracteriza-se por ter uma população muito envelhecida, e notamos que o isolamento social aparenta ser um problema grave, a partir do momento em que os nossos moradores começam a perder as suas companhias diárias. É aí que tentamos, de forma pedagógica, combater esse mesmo isolamento”, realça a farmacêutica.
Foi a pensar nestas situações que a farmácia Marbel foi desafiada pela equipa de mediadores do projeto RADAR a entrar na sua plataforma, enquanto radar comunitário. Em 2021, a estrutura passou a integrar a rede de radares comunitários, e, de lá para cá, a parceria tem-se revelado de extrema utilidade, seja para a população mais velha do bairro, com a identificação de pessoas em situações de vulnerabilidade, seja através das ações de sensibilização, na unidade móvel do projeto.
“Já identificámos cinco pessoas, sendo que, a partir desse momento, começaram a ser apoiadas pelo RADAR. Este é um passo importante para elas. Estamos num espaço de Lisboa, maioritariamente associado a estratos sociais altos, para as quais é difícil aceitar ajuda. Mas os mediadores do RADAR têm conseguido desmistificar essa conceção, e, por isso, estão de parabéns”.
“Se as pessoas não vêm a nós, vamos nós a elas”
Um dos aspetos relevantes que Sílvia Cid retrata, enquanto ponto fulcral do trabalho colaborativo entre a farmácia e o projeto RADAR, são as ações de sensibilização e rastreios à glicemia e tensão arterial, da unidade móvel do projeto.
“Percebemos logo, na primeira ação com a unidade móvel, que muitas pessoas não podem ou não querem ir à farmácia fazer rastreios. Esta, na nossa opinião, é das melhores vertentes do projeto! Com o apoio do RADAR, conseguimos chegar a mais pessoas, e identificamos, na hora, situações que, se não fossem estes rastreios, poderiam ser mais graves”, conta a responsável, reforçando que o trabalho da farmácia Marbel e de instituições como a Santa Casa deve ser de proximidade: “se as pessoas não vêm a nós, vamos nós a elas”.